por
Lingopass
13.5.2024

A transição energética: desafios e estratégias

Num momento em que o mundo enfrenta uma urgência climática premente, a indústria energética está no coração de uma transformação radical. A necessidade de reduzir as emissões de CO2, enquanto se atende a uma demanda energética crescente, apresenta desafios maiores. Este artigo explora esses desafios, examina as estratégias de transição viáveis e discute as implicações econômicas e regulatórias dessas transformações.

Para compreender as tendências e desafios do setor automotivo no Brasil, conversamos com Mathieu Mougard, sócio da Mazars em Paris e especialista nos setores de energia e meio ambiente, com 20 anos de experiência na auditoria international, aproveitando a conexão proporcionada pela participação do Lingopass no programa de aceleração Mazars X Factory 2024. 

A situação atual da indústria energética

A indústria energética, com sua natureza altamente capital-intensiva, requer investimentos significativos para desenvolver e manter suas infraestruturas. Essa característica implica que a indústria tem uma certa inércia em relação às mudanças, o que pode complicar a transição para fontes de energia mais sustentáveis. De fato, em um setor onde os investimentos são maciços e se estendem por longos períodos, mudar rapidamente o curso pode ser complexo, um pouco como mudar de direção com um navio. Essa inércia não é necessariamente devido a uma relutância em mudar, mas sim à necessidade de planejar minuciosamente e gerenciar com prudência os riscos associados a tais investimentos.

Os combustíveis fósseis, incluindo petróleo, gás e carvão, ainda dominam o mix energético mundial. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), essas energias representavam cerca de 84% do consumo energético mundial em 2020. Sua popularidade se baseia na capacidade de serem armazenados e usados facilmente. No entanto, eles são também as principais fontes de emissões de CO2, contribuindo significativamente para o aquecimento global.

A transição necessária para energias menos carbonizadas é freada pelos custos iniciais elevados. Transformar as infraestruturas existentes para que sejam menos dependentes de combustíveis fósseis requer um investimento substancial, estimado em vários trilhões de dólares por ano, com um retorno sobre o investimento que pode se estender por várias décadas.

Opções para a descarbonização

A descarbonização da indústria energética pode seguir várias vias, cada uma com seus próprios desafios e vantagens:

Eletricidade descarbonizada

A transição para uma produção de eletricidade menos carbonizada é crucial. No entanto, em países como a China, uma grande parte da eletricidade é produzida a partir de carvão, o que limita os benefícios ambientais dessa transição.

Energias renováveis

Solar e eólica: estas tecnologias, teoricamente inesgotáveis, são promissoras para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Os níveis de investimentos estão próximos agora daqueles relativos às energias fósseis. No entanto, sua natureza intermitente apresenta desafios para a continuidade do fornecimento e a capacidade de produzir as quantidades necessárias no momento em que os consumidores precisam. A capacidade de desenvolver soluções de armazenamento em escala é, portanto, crucial para garantir uma parte significativa dessas fontes de energia no mix energético dos países. Elas exigem, finalmente, investimentos significativos nas redes elétricas.

Energia nuclear: oferece uma alternativa séria e controlável, e de baixa emissão de carbono, mas apresenta desafios significativos em termos de gestão de resíduos nucleares.

Captura e armazenamento de carbono (CCS): esta tecnologia visa capturar até 90% das emissões de CO2 das centrais elétricas e das instalações industriais, e armazená-las sob a terra para evitar sua liberação na atmosfera.

Hidrogênio

Frequentemente considerado o combustível do futuro, principalmente devido ao seu potencial de armazenar e transportar energia com poucas emissões diretas de CO2, desde que seja produzido de maneira sustentável. Para isso, ele pode ser fabricado a partir de eletricidade proveniente de fontes de baixo carbono, o que se chama de hidrogênio verde, ou por processos que incluem tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS). Estas tecnologias CCS permitem capturar o CO2 produzido durante a fabricação do hidrogênio a partir de fontes fósseis, para depois armazená-lo sob a terra, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa. No entanto, apesar dessas potenciais vantagens, o hidrogênio ainda apresenta desafios importantes, especialmente em termos de custo e logística de transporte, que devem ser superados para realizar seu potencial como uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.

A transição energética: desafios e estratégias

por
Lingopass
13.5.2024
Tempo de leitura:
11 minutos

Num momento em que o mundo enfrenta uma urgência climática premente, a indústria energética está no coração de uma transformação radical. A necessidade de reduzir as emissões de CO2, enquanto se atende a uma demanda energética crescente, apresenta desafios maiores. Este artigo explora esses desafios, examina as estratégias de transição viáveis e discute as implicações econômicas e regulatórias dessas transformações.

Para compreender as tendências e desafios do setor automotivo no Brasil, conversamos com Mathieu Mougard, sócio da Mazars em Paris e especialista nos setores de energia e meio ambiente, com 20 anos de experiência na auditoria international, aproveitando a conexão proporcionada pela participação do Lingopass no programa de aceleração Mazars X Factory 2024. 

A situação atual da indústria energética

A indústria energética, com sua natureza altamente capital-intensiva, requer investimentos significativos para desenvolver e manter suas infraestruturas. Essa característica implica que a indústria tem uma certa inércia em relação às mudanças, o que pode complicar a transição para fontes de energia mais sustentáveis. De fato, em um setor onde os investimentos são maciços e se estendem por longos períodos, mudar rapidamente o curso pode ser complexo, um pouco como mudar de direção com um navio. Essa inércia não é necessariamente devido a uma relutância em mudar, mas sim à necessidade de planejar minuciosamente e gerenciar com prudência os riscos associados a tais investimentos.

Os combustíveis fósseis, incluindo petróleo, gás e carvão, ainda dominam o mix energético mundial. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), essas energias representavam cerca de 84% do consumo energético mundial em 2020. Sua popularidade se baseia na capacidade de serem armazenados e usados facilmente. No entanto, eles são também as principais fontes de emissões de CO2, contribuindo significativamente para o aquecimento global.

A transição necessária para energias menos carbonizadas é freada pelos custos iniciais elevados. Transformar as infraestruturas existentes para que sejam menos dependentes de combustíveis fósseis requer um investimento substancial, estimado em vários trilhões de dólares por ano, com um retorno sobre o investimento que pode se estender por várias décadas.

Opções para a descarbonização

A descarbonização da indústria energética pode seguir várias vias, cada uma com seus próprios desafios e vantagens:

Eletricidade descarbonizada

A transição para uma produção de eletricidade menos carbonizada é crucial. No entanto, em países como a China, uma grande parte da eletricidade é produzida a partir de carvão, o que limita os benefícios ambientais dessa transição.

Energias renováveis

Solar e eólica: estas tecnologias, teoricamente inesgotáveis, são promissoras para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Os níveis de investimentos estão próximos agora daqueles relativos às energias fósseis. No entanto, sua natureza intermitente apresenta desafios para a continuidade do fornecimento e a capacidade de produzir as quantidades necessárias no momento em que os consumidores precisam. A capacidade de desenvolver soluções de armazenamento em escala é, portanto, crucial para garantir uma parte significativa dessas fontes de energia no mix energético dos países. Elas exigem, finalmente, investimentos significativos nas redes elétricas.

Energia nuclear: oferece uma alternativa séria e controlável, e de baixa emissão de carbono, mas apresenta desafios significativos em termos de gestão de resíduos nucleares.

Captura e armazenamento de carbono (CCS): esta tecnologia visa capturar até 90% das emissões de CO2 das centrais elétricas e das instalações industriais, e armazená-las sob a terra para evitar sua liberação na atmosfera.

Hidrogênio

Frequentemente considerado o combustível do futuro, principalmente devido ao seu potencial de armazenar e transportar energia com poucas emissões diretas de CO2, desde que seja produzido de maneira sustentável. Para isso, ele pode ser fabricado a partir de eletricidade proveniente de fontes de baixo carbono, o que se chama de hidrogênio verde, ou por processos que incluem tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS). Estas tecnologias CCS permitem capturar o CO2 produzido durante a fabricação do hidrogênio a partir de fontes fósseis, para depois armazená-lo sob a terra, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa. No entanto, apesar dessas potenciais vantagens, o hidrogênio ainda apresenta desafios importantes, especialmente em termos de custo e logística de transporte, que devem ser superados para realizar seu potencial como uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.

Custo e compromisso para a transição energética

A mudança para energias mais limpas exige investimentos consideráveis. O "trilema da sustentabilidade" do Conselho Mundial de Energia sublinha o desafio de equilibrar a sustentabilidade ambiental, a segurança energética e a acessibilidade financeira. Investimentos anuais de vários trilhões são necessários para alcançar os objetivos de neutralidade de carbono.

Os países variam grandemente em termos de desenvolvimento econômico, riqueza, recursos disponíveis e capacidade de investir em tecnologias verdes. Os países desenvolvidos muitas vezes têm mais meios para financiar transições ecológicas, enquanto os países em desenvolvimento podem ser mais dependentes de tecnologias mais baratas, mas mais poluentes.

A questão do financiamento é crucial. Os países ricos podem ajudar a financiar a transição nos países pobres através de ajuda, empréstimos a baixa taxa de juros ou subsídios. Os financiamentos internacionais, como os propostos pelas bancas de desenvolvimento ou através de acordos climáticos internacionais, são também vitais para apoiar essas transições.

Do ponto de vista regulatório, organizações internacionais como a ONU, através das Conferências das Partes (COP), desempenham um papel essencial na implementação dos compromissos internacionais em matéria de clima. Além disso, confrontados com riscos aumentados, os seguradores estão se tornando cada vez mais cautelosos quanto à cobertura das consequências dos eventos climáticos extremos, relacionados às mudanças climáticas. Esta cautela acrescida reflete uma adaptação às realidades de um mundo onde os fenômenos meteorológicos severos se tornam mais frequentes e mais intensos, aumentando assim os riscos e os custos associados aos sinistros.

O Green Deal europeu: um quadro regulatório inovador

A necessidade de uma regulamentação adaptada é fundamental para guiar uma transição energética eficaz e ordenada. Sem um quadro regulatório apropriado, a passagem para fontes de energia mais limpas poderia ser mais lenta e potencialmente desordenada, com o risco de provocar perturbações econômicas e reduzir os benefícios ambientais. É nessa ótica que Fatih Birol, diretor da Agência Internacional de Energia, fala de uma "transição energética ordenada".

É precisamente neste contexto que se insere o Pacto Ecológico Europeu (Green Deal europeu), lançado em 2019. Este programa ambicioso visa a neutralidade de carbono da União Europeia até 2050 e propõe catalisar o crescimento econômico sustentável através da Europa. 

O Green Deal ilustra perfeitamente como as regulamentações estratégicas podem não apenas acelerar a transição ecológica, mas também estruturar seu desenrolar para garantir que cada etapa seja tão benéfica quanto possível, minimizando os impactos negativos sobre a economia e a sociedade: 

CBAM (Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras): proposto em 2021 no âmbito do Green Deal, trata-se de uma taxa de carbono nas fronteiras da Europa. Seu objetivo é prevenir a fuga de carbono, ou seja, a deslocalização das produções industriais para países menos rigorosos em matéria de emissões de carbono. Esta medida ajusta as taxas sobre as importações em função de sua pegada de carbono. Na prática, isso significa que os produtos fabricados fora da UE e que não respeitam as normas ambientais equivalentes às da UE serão taxados para compensar essa diferença, incentivando assim os produtores internacionais a adotar tecnologias mais limpas.

SFDR (Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis):em vigor desde março de 2021, a SFDR faz parte dos esforços da UE para estimular os investimentos sustentáveis. Ele obriga os fundos de investimento e as instituições financeiras a divulgar a maneira como integram os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) em suas decisões de investimento. Esta regulamentação visa também/essencialmente evitar o "greenwashing" (práticas enganosas em matéria de sustentabilidade) e garantir que os fundos comercializados como "sustentáveis" respondam a critérios estritos de sustentabilidade.

CSRD (Diretiva de Relato de Sustentabilidade Corporativa): a diretiva CSRD, proposta para uma aplicação a partir de 2024, estende as obrigações de relato não financeiro das empresas. Ela requer que as sociedades divulguem informações detalhadas sobre a forma como suas atividades influenciam o ambiente e a sociedade. Isso inclui informações sobre as emissões de gases de efeito estufa, o uso dos recursos e as ações sociais. O objetivo é fornecer uma transparência aumentada para permitir que os investidores, consumidores e outras partes interessadas avaliem melhor a sustentabilidade das empresas.

Este pacto verde e as regulamentações associadas, como o CBAM, a CSRD e a SFDR, buscam harmonizar as normas ambientais dentro da UE enquanto promovem práticas sustentáveis em nível global. Contudo, a aplicação dessas diretivas levanta desafios, especialmente em termos de equidade internacional e de competitividade das empresas europeias, destacando a necessidade de uma colaboração e coordenação internacionais para uma transição eficaz e justa para a sustentabilidade. 

Desafios de recursos humanos no setor energético

A questão da mão de obra é extremamente relevante no setor energético, particularmente no Brasil à medida que a indústria avança em direção a uma maior sustentabilidade e incorporação de tecnologias avançadas. 

A busca por talentos especializados está se tornando mais acirrada, especialmente devido à necessidade emergente de profissionais capacitados em áreas como engenharia de energias renováveis, administração de redes elétricas inteligentes e desenvolvimento de soluções de baixa emissão de carbono. Esse contexto demanda uma estratégia proativa para o desenvolvimento e treinamento de recursos humanos.

Neste cenário, o Lingopass pode exercer um papel crucial, proporcionando programas de formação linguística e técnica que preparam os profissionais para se destacarem nesse ambiente inovador. Por meio de cursos que abordam terminologias específicas do setor de energia e promovem habilidades de comunicação em diversos idiomas, Lingopass tem a capacidade de formar uma força de trabalho que não somente responde às exigências atuais, mas também está pronta para as inovações futuras da indústria.

Portanto, integrar treinamentos especializados em terminologia técnica e habilidades interculturais é essencial para as empresas que aspiram a liderar no competitivo e dinâmico mercado global de energia.

A transição energética é uma jornada complexa que demanda inovação tecnológica, investimentos significativos e desenvolvimento de talentos. Enfrentando desafios desde a descarbonização até a regulamentação internacional, o setor de energia precisa de uma abordagem holística que integre novas tecnologias, como energias renováveis e hidrogênio verde, com a capacitação da força de trabalho, exemplificada pelos programas do Lingopass. Através de colaboração global e comprometimento estratégico, a indústria pode superar obstáculos e liderar o caminho para um futuro sustentável e de baixo carbono, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia global.

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